A importância de um nome judaico refere-se àquela parte de
nós que verdadeiramente define a identidade judaica: a alma judaica.
Um nome judaico é o seu chamado espiritual, um título que
reflete seus traços particulares de caráter e os dons concedidos
por D’us.
O fato de que o nome da pessoa representa sua força vital é
insinuado pela palavra neshamá (alma), cujas duas letras intermediárias
formam a palavra shem (nome). As letras do nome de uma pessoa são
como o cano através do qual a vida é levada ao corpo. Portanto,
a palavra shem, nome, tem o mesmo valor numérico que tzinor, cano.
Nomear um recém-nascido judeu é uma tarefa sagrada, parte
do ciclo de vida da religião judaica. Um menino recebe o nome durante
a cerimônia do brit milá, quando entra no pacto de Avraham
Avinu; uma menina é nomeada logo após seu nascimento, na
primeira oportunidade em que a Torá será lida. Seu pai então
é chamado na Torá e nesta oportunidade anuncia seu nome
judaico.
Ao escolher um nome para a criança recém-nascida, os pais
passam em revista os nomes de seus entes queridos. Isso se baseia no preceito
da Torá de que o nome do falecido não deve ser apagado de
Israel. Ocasionalmente, uma criança recebe o nome de algum erudito
de Torá, ou do maior tsadic da geração, cuja vida
foi consagrada à Torá; ou então uma menina recebe
o nome de mulheres sábias e grandiosas da Torá, cuja vida
serviu como inspiração a todos.
Quando a criança recebe o nome de um parente falecido – segundo
o costume askenazi – cumpre também a mitsvá de honrar
pai e mãe. Esta mitsvá é obrigatória não
somente durante a vida deles, como também depois de sua morte.
É uma grande satisfação para a alma, e proporciona
prazer às almas dos parentes falecidos, quando os descendentes
recebem seus nomes.
A Cabalá afirma que os pais recebem inspiração Divina
ao escolher um nome para seu filho. O nome é registrado como pertencendo
para sempre a esta criança. É por este nome que o menino
será chamado à Torá quando chegar a seu bar mitsvá,
aos treze anos; quando chegar à vida adulta e ao casamento, seu
nome aparecerá na ketubá; este nome é mencionado
na prece E-l malei rachamim oferecida em benefício da alma após
120 anos. Assim, o nome judaico acompanha o judeu por toda a vida e em
todas as ocasiões.
Classificação de nomes judaicos
Os nomes judaicos podem ser classificados em diferentes categorias:
1 – Nomes bíblicos – nomes mencionados nos Cinco Livros
da Torá, nos Profetas, ou nas Sagradas Escrituras.
2 – Nomes talmúdicos – nomes originalmente encontrados
no Talmud e Midrashim.
3 – Nomes encontrados na natureza – no mundo animal, alguns
dos quais aparecem nas Escrituras, tais como Chava, Rachel, Devorah, Tziporah,
Yonah, etc. Há também nomes do reino animal não mencionados
nas Escrituras como nomes de pessoas, tais como Aryrh, Zev, Tzvi; tais
nomes originaram-se com as bênçãos de Yaacov e Moshê,
que aplicaram os nomes de diversas coisas vivas às tribos de Israel.
4 – Nomes encontrados na Natureza – no mundo vegetal, alguns
dos quais aparecem nas Escrituras, como Tamar, etc. Outros nomes desse
tipo são Shoshana, Alon, Oren, Oranah, Aviva, etc.
5 – Nomes que incluem o Nome de D’us dentro deles, e nomes
que expressam agradecimentos a D’us.
6 – Nomes de Anjos, que foram adotados como nomes humanos:Gabriel,
Rafael, etc.
7 – Nomes secundários, que ocorrem em conjunto com o nome
principal, embora ocasionalmente estejam sozinhos.
Como faço para dar ou receber um nome hebraico?
1 – Além de sua escolha
Geralmente, seu nome hebraico é aplicado a você por ocasião
de seu nascimento ou pouco depois, escolhido por seus pais, que o nomeiam
em homenagem a um ente querido falecido, geralmente um antepassado (costume
ashkenazi) ou a um ente querido, como avós, ainda vivos, como forma
de homenageá-los (costume sefaradi). Ou, caso eles não tenham
ninguém para homenagear, talvez você receba um nome hebraico
da preferência deles. Portanto na verdade você não
poderá escolher seu próprio nome, a menos que não
tenha recebido um até a idade adulta.
2 – Por sua escolha
Se você não recebeu um nome hebraico até a idade adulta,
ou seja, seus pais não lhe fizeram um brit (caso seja menino) ou
não lhe deram um nome na primeira oportunidade em que foi lida
a Torá logo após seu nascimento (se for menina), você
pode selecionar qualquer nome hebraico normal que lhe agrade.
3 – Opções de conversão
Um terceiro nome hebraico alternativo é quando um não-judeu
se converte ao Judaísmo. O convertido pode escolher qualquer nome
hebraico, geralmente há escolha algo foneticamente semelhante ao
nome existente: John talvez se torne Yonatan (hebraico para Jonathan),
Mary pode se tornar Miriam.
Situações especiais
Um menino que
já nasceu circuncidado é nomeado no hatafas dam bris, na
presença de um minyan. Caso não haja um quórum de
dez homens, poderá ser nomeado na presença de dois.
Se uma criança nasceu, e é necessário rezar pela
sua saúde, seu nome poderá ser dado imediatamente, para
que possam rezar em seu nome. Costuma-se apenas dar o nome neste caso,
sem no entanto torná-lo público até o brit milá.
Quando uma pessoa se encontra em situação de risco, como
uma grave doença ou problemas de saúde, D’us não
o permita, costuma-se acrescentar outro nome ao seu nome judaico original.
Desta forma pode-se alterar seu mazal, sorte e destino, e rezar pelo seu
pronto restabelecimento e cura.
Importância vital
O nome pelo qual a pessoa é chamada é o recipiente que contém
a força vital condensada inerente nas letras do nome. Como disse
o Eterno aos Anjos: "A sabedoria de Adam é maior que a sua",
pois ele entendeu a fonte suprema de cada ser criado, e segundo este Ele
o chamou por seus nomes. Portanto, descobrimos que quando desejamos reviver
alguém que desmaiou, chamamos seu nome. Ao chamar seu nome, despertamos
a força vital em sua fonte, e atraímos vitalidade para o
corpo. Similarmente, se alguém está adormecido, nós
o chamamos por seu nome.
Ao falecer, quando a alma parte do corpo e chega perante a Corte Celestial,
não lhe é perguntado: "Qual é seu nome hebraico"
A pergunta feita é simplesmente: "Qual é seu nome?"
Porque seu nome verdadeiro, sua essência, está contida em
seu nome hebraico.
Atualmente, o maior problema para o povo judeu é a assimilação
e a ignorância. Embora seja um grande problema, existem pequenas
coisas que podemos fazer para lutar contra isso. Podemos assistir uma
aula de Torá uma vez por semana ou por mês. Podemos celebrar
o Shabat. E podemos usar nossos nomes hebraicos. Quando os usamos, lembramo-nos
constantemente de quem somos, fortificando assim nossa identidade judaica
e automaticamente lutamos contra a assimilação. Parafraseando
Neil Armstrong, talvez seja um pequeno passo para um judeu, mas um salto
gigante para o Judaísmo!
Devemos nos inspirar no exemplo fornecido por nosso povo na saída
do Egito; não se assimilaram. Este fato deveu-se a três fatores
fundamentais que fizeram questão de conservar: o modo de se vestirem,
a língua (hebraico) e o nome (judaico). Quanto ao último,
disseram nossos Sábios: (Bamidbar Rabah 20:22) "Nossos antepassados
mereceram ser redimidos do Egito porque não mudaram seus nomes."
Devido a estes cuidados tiveram o mérito de serem redimidos e conduzidos
à outorga da Torá no Monte Sinai.
Que possamos através de nossas boas ações e utilização
destas mesmas "vestimentas" que nos conectam à nossa
essência, sermos merecedores de presenciar a recompensa neste mundo:
uma época sem guerras, onde a paz verdadeira será restabelecida
e o conhecimento de D’us transbordará no mundo inteiro. Enquanto
aguardamos, continuaremos colocando nomes judaicos em nossos filhos e,
nossos filhos em nossos netos.
fonte: chabad